WORKIN ‘MOMS: A SÉRIE DE MÃES PRIVILEGIADAS QUE TAMBÉM SOFREM

A primeira vez que ouvi falar em “Workin ‘Moms”, foi em uma evento de tecnologia voltado exclusivamente para mulheres. Eu não fazia ideia que essa série  fazia parte do catálogo da Netflix.

“Workin ‘Moms” gira em torno de um quarteto de mulheres que retornam ao trabalho após o período de licença maternidade. O humor ácido aborda temas como depressão pós-parto e aborto, ao mesmo tempo, destacando os desafios realistas da amamentação, imagem corporal, ligação com o bebê e culpa de mãe. Claro que, as personagens principais são todas privilegiadas e com uma vida financeira estável, sorte que muitas hoje em dia não tem. 

O ponto positivo, mostra mulheres imperfeitas tentando se reencontrar após terem seus bebês. Mostra a repressão que existe contra as mães em que se espera que trabalhem em tempo integral e finjam que não são mães e, em seguida, esperam que sejam mães em tempo integral fingindo que não estão trabalhando. E tudo isso simultaneamente, dentro das horas da semana que existem.

A mídia raramente retrata as mães como pessoas inteiras com empregos, hobbies e relacionamentos fora de seus filhos. Catherine Reitman diretora do programa e também uma das protagonistas, estabelece que essas mulheres eram pessoas inteiras antes de se tornarem mães, e agora criaram uma vida minúscula, todas elas precisam equilibrar as pessoas que eram antes com esse novo papel que assumiram.

O ponto negativo é, que para “mulheres reais”, essa série tem privilégio saindo de todos os seus orifícios. Todos os  personagens vivem em casas lindamente decoradas em Toronto, um dos mercados imobiliários mais caros da América do Norte . Eles têm locais de trabalho para bombear o leite materno e podem facilmente pagar babás. Seus problemas são em grande parte de sua própria criação, ao invés de quaisquer forças institucionais ou culturais, e é difícil simpatizar com eles quando há mães lutando para alimentar seus filhos.

Senti falta de histórias sobre mães solteiras, mães que precisam escolher entre um lugar para morar e alimentar seus filhos, mães com deficiência, mães imigrantes que preenchem a lacuna cultural entre gerações. Nos dê histórias autênticas sobre todos os tipos de mães. Porque as personagens principais representam uma pequena parcela da população e muitas não vão se sentir representadas.

No final, apesar dos pesares, Workin ‘Moms deixa uma mensagem clara: você não precisa escolher entre bebê e carreira se não quiser. Não importa o que aconteça, haverá inevitáveis ​​solavancos ao longo do caminho – mas é a nossa escolha e não existe caminho errado, apenas o que funciona melhor para nós.