21mar 19

SE NÃO TEM PARA TODAS NÃO TEM PARA NINGUÉM

Você já viveu a experiência de entrar em uma loja de maquiagem, ficar de frente com prateleiras repletas de produtos? Dar de cara com diferentes cores de sombras, batons, pincéis e todos os itens de beleza que deixa muita mulher doida para estourar o cartão de crédito? Ou então, acessar um site e encontrar todos os produtinhos dos sonhos, dos mais baratos até as marcas mais caras, ficar navegando por horas, colocando os itens desejo no carrinho, mesmo que nem fosse finalizar a compra depois… Pois é, quem ama maquiagem sabe como essa experiência de testar ou descobrir novos produtos é algo que faz parte do nosso dia a dia.

No entanto, para mulheres negras essa experiência pode se tornar um verdadeiro pesadelo devido a dificuldade de encontrar produtos que atendam as suas peculiaridades, por exemplo,, ao entrar em uma perfumaria acaba sendo natural evitar o espaço dedicado para maquiagem, só para não passar pelo stress de não encontrar uma cor de base que atenda a sua pele.

Maquiagem é vista por muita gente como algo fútil, de menor valor entre tantas questões que envolvem a vivência das mulheres negras. Mas quando olhamos com atenção a dificuldade de se encontrar bases para peles retintas podemos perceber a sutileza do racismo estrutural – onde empresas ignoram a existência do público negro como consumidor – e, entender como isso afeta a autoestima de milhares de mulheres no nosso país. Então percebemos que não, maquiagem não é futilidade quando se fala como a representatividade afeta a forma que mulheres se enxergam em nossa sociedade.

No vídeo abaixo, a Youtuber Gabi Oliveira relata com muito bom humor diversas situações que qualquer mulher pode se identificar facilmente. Desde as situações mais comuns: comprar base em revistas de venda direta, e até mesmo ouvir os conselhos despreparados das vendedoras nas perfumarias, acompanhados da péssima iluminação das lojas, o que resulta em mais uma experiência negativa com maquiagem.

Cada mulher tem uma relação muito pessoal com a maquiagem, desde as que usam todos os dias como as que só recorrem aos produtos em determinadas ocasiões. Mas quando você pensa em mulheres negras você entra em um universo paralelo no que diz respeito à vivência, comportamento e representatividade. E, neste caso, tem um peso muito maior do que algo puramente estético, representa muito para sua existência, ser notada e, principalmente, sua autoestima. No vídeo abaixo, a Nathália Braga traz o seu relato pessoal ao encontrar uma base que atendesse o seu tom de pele.

Quando falamos de tons vale lembrar que a escala de cores da pele dos brasileiro tem 144 tonalidades diferentes, de acordo com o IBGE, saiba que, dentro desta variedade de tons estão as peles com tons e subtons variados, que vão das mais claras até as mais escuras, das cores quentes as frias. E, é a partir daí que veio o título e os problemas que apontamos neste post, o fato de como as marcas de beleza facilmente “esquecem” dos tons mais escuros de pele.

Não foi a toa que o jornalista de beleza e maquiador profissional, Tássio Santos, fez uma série de vídeos com o tema #OTomMaisEscuro explorando os aspectos de cor, pigmentação, durabilidade, entre outros, de diferentes marcas, nacionais e internacionais. No vídeo abaixo, Tássio aponta diversos problemas do último lançamento da marca Ruby Rose com poucas opções de cores para peles negras. 

Além da questão da dificuldade de se encontrar bases com gama de cores que atendam a todos os tons de pele, o preço dos produtos limita ainda mais o acesso a produtos de qualidade. Existem bases que atendem os tons mais escuros de pele? Sim! É possível encontrar diversas marcas, mas se nós pensarmos que no Brasil mais da metade da população vive apenas com um salário mínimo, é totalmente injusto não existir opções baratas que contemplem todos os tipos de pele, já que para muitas mulheres o produto barato é a única possibilidade de consumo.

Outro problema é a falta de uma distribuição de produtos nos pontos de venda, e indo além, tem também o interesse dos próprios revendedores de comprar todos os tons de base, por não “enxergar” o público negro como consumidor, como o Tássio aborda no vídeo.

Para ajudar a encontrar marcas baratas a Youtuber Francine Monteiro apresenta no vídeo abaixo quatro opções de marcas nacionais, com qualidade e variedade de tons, que custam até R$ 40,00.

Cara leitora branca: aproveite esta avalanche de conteúdo para colocar em prática sua empatia e engrossar o coro nos comentários de vídeos no Youtube e fotos no Instagram com a hashtag #senaotempraJoycenaotempraninguem, pedindo um posicionamento sério das marcas que continuam a ignorar mulheres negras retintas.

Você já tinha pensado no assunto? O que achou do post? Deixe o seu comentário abaixo =)

 

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