NINGUÉM É A FAVOR DO ABORTO, NEM QUEM ABORTA
Se você entendeu que alguém é a favor do aborto, repense e reflita, pois não é bem isso. Ninguém é favor do aborto. Ninguém que aborta é a favor do aborto. Ninguém! Grave isso na sua cabeça e coloque no seu coração. Agora, repita: Ninguém é a favor do aborto.
Nenhuma mulher, contrariando o pensamento de muitos e muitas, torce para que outras mulheres engravidem para abortar. Ninguém acha prazeroso ver o desespero de uma mulher que decide abortar ou vê-las morrendo em clínicas clandestinas. Ninguém luta pelo aborto. O que tanto se luta é pela descriminalização do aborto. Se luta, para quem decidir optar por tal procedimento, fazê-lo dentro da legalidade e segurança.
Milhares de mulheres engravidam usando métodos anticoncepcionais. Milhares de mulheres engravidam tento maridos, namorados, companheiros, estando em relações estáveis, de anos. Mulheres engravidam de parceiros abusadores, mulheres engravidam por não possuírem acesso à informação e planejamento familiar, mulheres engravidam por pura ignorância.
No Brasil, há 5,5 milhões de pessoas sem o registro paterno na certidão de nascimento, segundo os dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com base no Censo Escolar, existem 11,2 milhões de famílias são chefiadas financeira e emocionalmente apenas pela mãe. Abordando essa relação, as consequências ficam evidentes como feminização da pobreza, dupla jornada de trabalho, solidão e outros fatores como desempregos e subempregos, salários baixos, baixa autoestima, entre outros. A ideia de que uma parcela crescente da pobreza é composta por mulheres, já foi defendida por diversas e importantes entidades, inclusive internacionais.
A realidade é muito mais adversa do que você possa imaginar. Por isso, quando comemoramos que um país legalizou o aborto, ninguém está festejando que diversos fetos, ainda que concebidos nessas situações, sejam retirados. Estamos comemorando que diversas mulheres que tomaram essa difícil situação não sejam criminalizadas, que realizem esse procedimento, que já é traumático por si só, com o mínimo de segurança. Celebramos que mulheres que decidiram fazer o aborto não vão morrer. Mulheres estão morrendo, principalmente as pobres, as periféricas, as negras. Por isso, o debate é urgente.
Com o aborto legalizado ou não, mulheres o farão de qualquer jeito. Queira você ou não.
É bom lembrar, que em países que descriminalizaram o aborto, reduziram o número desses procedimentos. Também é bom ressaltar que um embrião até 12 semanas, que é o tempo limite para a realização do aborto, não sente dor, não tem sentimentos, não tem sistema nervoso e não está consciente de sua existência.
Assim como na Argentina, as mulheres brasileiras irão às ruas na sexta-feira, dia 22 de junho, para exigir que a legalização do aborto se mantenha em pauta no país. Se você concorda com a legalização do aborto e a discriminação da mulher que o pratica, anote na sua agenda onde acontecerá o ato na sua cidade.
Maceió (AL) – 16h: Pajuçara
Santa Maria (RS) – 16h30: Praça Saldanha Machado
Rio de Janeiro (RJ) – 17h: Candelária
São Paulo (SP) – 17h30: Praça do Ciclista
Londrina (PR) – 17h30: Rotatória da Avenida JK com Higienópolis
Belo Horizonte (MG) – 17h30: Praça da Liberdade
Não chame essas mulheres de assassinas, ninguém sabe as circunstâncias que a levou a um aborto. Elas são pessoas boas, muitas, mães de outras crianças.