27out 20

[CRÍTICA] TENET (2020)

Palíndromo é um adjetivo para palavras, números ou frases que lidas de trás para frente, e vice-versa, têm o mesmo sentido. Por exemplo: TENET. É a partir dessa palavra palíndromo que gira em torno o novo filme de Christopher Nolan. Agora, você pode pensar que a história é sobre viagem no tempo, porém, o que acontece, na verdade, é a inversão dele. Assim, ao invés de imaginar os personagens em um DeLorean do “De Volta para o Futuro”, a ideia é focar em um aparelho com duas entradas para fitas (cassete, se preferir) em que uma gira no presente, enquanto a outra gira de forma inversa e simultaneamente. Pelo menos, foi exatamente o que imaginei acontecendo enquanto assistia ao longa.

TENET, dirigido e roteirizado por Nolan, é uma ficção científica com muita ação, conta com o fetiche de lidar com o tempo que já vimos em outras películas do diretor e, você que é muito fã, com certeza vai adorar e, talvez, acreditar que o filme entregue até um fim com plot twist interessante. Eu, que não sou fã, achei que o filme tem a assinatura do cineasta e que é entretenimento de primeira linha. Sendo assim, gostei, mas não é um dos melhores trabalhos dele que eu já vi.

A tradicional grandiosidade e efeitos visuais de Nolan em TENET é voltada para que o filme, de fato, seja apresentado nos cinemas IMAX do mundo todo. E foi exatamente em uma dessas salas que eu, depois de sete meses respeitando o isolamento social, pude conferir essa obra, com toda a segurança e as devidas orientações de distanciamento e proteção contra a Covid-19.

John David Washington interpreta o Protagonista, uma espécie de espião/soldado que recebe a missão de salvar o mundo e que descobre ferramentas de inversão no tempo utilizadas pelo inimigo para promover uma Terceira Guerra Mundial. O elenco principal conta também com Robert Pattinson, Elizabeth Debicki, Dimple Kapadia, Aaron Taylor-Johnson, Clémence Poésy, Michael Caine e Kenneth Branagh.

Infelizmente, um elenco forte como esse poderia ter um desenvolvimento de personagens que nos fizesse torcer por cada um, tanto a favor como contra. Porém, a superficialidade toma conta e, fora o personagem de Pattinson (Neil), que pede um suspense e um afastamento do público do começo ao fim, nem o Protagonista consegue nos fazer sentir a empatia necessária. Agora, o preparo físico de Washington e Pattinson demonstra muita dedicação e ensaio nas cenas de luta e são maravilhosas, com muita energia de ambos.

O trabalho de fotografia de Hoyte van Hoytema é impecável e todos os efeitos que envolvem colocar um personagem agindo no “presente” e o outro retrocedendo nas mesmas cenas são muito bons. Estas, inclusive, durante as lutas, chegam a ser até agoniantes. A luta que envolve falta de oxigênio em um ambiente que parece um labirinto é sensacional.

Outro ponto que não me agrada muito é a trilha sonora de Ludwig Göransson e a equipe de mixagem que eleva muito alguns sons e a música gerando certa expectativa, mas que não são superadas no decorrer das cenas. Quando você espera algo extraordinário como o trabalho sonoro sugere, a entrega é de apenas filmagens aéreas e algumas narrações explicativas, por exemplo.

TENET é tudo o que fãs de Christopher Nolan esperam: tem cenas lindas e impecáveis com muita ação, um roteiro que entrega o que quer aos poucos, mas não valoriza o ótimo elenco, o que torna um trabalho que entretém muito bem, apenas. O filme está com o lançamento previsto para o dia 29 de outubro nos cinemas brasileiros que estão reabrindo durante a pandemia, mas tomando todas as precauções e orientações para a segurança de todos.

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