UM PAPO COM A BI CAMPEÃ MUNDIAL NOGI TALITA TRETA
Foi assim despretensiosamente que consegui entrevistar a Bi Campeã Mundial de Nogi, Talita Treta. Algo que eu não esperava que fosse acontecer quando comecei a treinar jiu jitsu em 2018 e ainda não conhecia os grandes nomes da modalidade feminina. Quem vê a cara de brava nem imagina o quão humilde e modesta ela é.
Quem a conheceu na adolescência talvez nem imaginasse a grande atleta que se tornaria. Gostava muito de sair, beber e brigar. No vôlei encontrava alívio para lidar com a agressividade, algo que foi interrompido ao engravidar ainda jovem. Também nesta época teve contato com outro esporte que a ajudou: o judô.
Quando a filha (hoje também atleta) tinha 2 anos, se aproximou do esporte em que se consagraria. “Quando a Luíza tinha uns 2 anos eu comecei a treinar jiu jitsu na Cícero Costha com o José Hélio (tiozinho)”, conta. Seu progresso no Jiu Jitsu foi rápido, e dentro de quatro meses, recebeu a faixa azul. Hoje, coleciona diversos títulos, entre eles o mais recente conquistado como Bi Campeã Mundial de Nogi.
A preparação para este campeonato não foi tão intensa como o de costume, há poucas semanas se mudou para os Estados Unidos, e teve que se adaptar à nova rotina e fuso horário. “Eu sinto muita falta, falta dos meus amigos, dos meus bichinhos que não vejo a hora de poder trazer eles, da minha família, da comida, não é fácil, mas aqui somos mais valorizados e estou tendo uma condição melhor de treino”, afirma.
Ser atleta no Brasil não é fácil para quem quer seguir carreira, ela conta que quando começou era ainda mais difícil, não trabalhava e precisava de dinheiro para competir. Campeonatos que premiam em dinheiro eram bem raros naquela época. “Lutei o último Mundial que foi no Rio de Janeiro, lembro que ficamos tipo duas semanas dormindo numa academia comendo lanche de dois reais porque íamos lutar o Mundial e a Copa do Mundo dois finais de semana seguidos, foi muito tenso e com toda essa dificuldade minha mãe me apoio muito ela arrumava dinheiro, pegava emprestado com amigas era uma loucura”, relembra.
Talita sabe a importância do esporte e por ver sua vida mudar através dele é por isso que está construindo um centro de lutas na zona leste de São Paulo, para aulas de jiu jitsu e Muay Thai. “Os custos no Brasil são muito altos então estamos buscando alguns parceiros, afinal, a ideia é ter um projeto para pessoas carentes no mesmo lugar”.
Ter essa conversa me fez perceber que podemos fazer tudo com uma pitada extra de dedicação. Podemos ser mães, esposas e também atletas, por que não? Mas nada acontece sem esforço e trabalho duro.
Podemos criar desculpas e nos auto sabotar colocando empecilhos ou fazer acontecer. Trocar o “não consigo”, por “vai dar certo”. Para quem pensa em competir ela deixa um conselho valioso. “Vai lá e se divirta, não importa o que aconteça nada vai mudar, você ainda terá seus amigos, sua equipe, sua família, estará tudo no mesmo lugar independente de qual seja o resultado, competição é incrível meus melhores amigos, meu marido eu conheci graças a uma competição!”, finaliza.