06fev 20

[CRÍTICA] AVES DE RAPINA: ARLEQUINA E SUA EMANCIPAÇÃO FANTABULOSA (2020)

Antes de qualquer coisa, sou mulher e quero deixar bem claro que não sou obrigada a gostar de produções cinematográficas apenas por serem protagonizadas, dirigidas, produzidas ou roteirizadas por mulheres apenas por serem mulheres. Segunda coisa, essa é uma crítica sobre o filme. FILME. Filme é uma plataforma diferente de uma história em quadrinho. Enfim… (Aliás, vocês viram Joker e amaram, não é? hum…)

Confesso que, desde que assisti ao primeiro trailer, não botei muita esperança em “Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa” (Birds of Prey: And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn; 2020). A diretora Cathy Yan é relativamente nova, não tem muitos trabalhos, e pegar a responsabilidade de trabalhar em um longa do gênero é muito grande, tendo em vista a experiência e os relatos que os(as) fãs farão e que, no fim, é o que importa também para o bolsos dessa indústria. Dito isso, sim, gostei de “Aves de Rapina”, com ressalvas, porém, nada muito negativo.

O longa é despretensioso e não se leva a sério em muitos momentos. Ponto positivo, uma vez que, quando o roteiro de Christina Hodson resolve falar um pouco mais sério tentando um momento #GirlPower, não dá muito certo e parece forçado. Assim, temos uma protagonista sem filtro (e que quebra a quarta parede, amo) e, particularmente, não esperava menos que muita porrada. As cenas de ação são bem legais e bem coreografadas como têm que ser. Muita quebra de ossos e sangue. Aliás, como é bom ver cenas de luta com sangue, machucados e afins. E a Margot Robbie está completamente à vontade com o papel. É divertida e não cansa de tirar uma com a cara de qualquer um que apareça em seu caminho.

A narrativa conta com muito (muito) voice-over e flashbacks que podem confundir um pouco quem assiste à trama. Mas, mesmo quem “não leu os quadrinhos” e quer entender o que está vendo, apesar de cansativo, funciona. Esses artifícios também são muito utilizados no roteiro que, mesmo não explorando o desenvolvimento de cada personagem, contextualiza a presença de cada uma quando precisa. A Caçadora (Helena Bertinelli/The Huntress, intepretada pela Mary Elizabeth Winstead), por exemplo, tem um momento em que ela aparece em uma cena e eu fiquei “o que ela tem a ver para estar aí?”. Então, o roteiro dá um jeito de explicar, mesmo que de forma simples como um “porque sim”. Ponto positivo e negativo ao mesmo tempo, pois explicações demais tiram a graça de momentos em que as pessoas poderiam ter as próprias conclusões, que é uma tática sempre certeira em bons roteiros.

Outro ponto negativo, e o que não me surpreende em nada em filmes do gênero: o principal vilão, Roman Sionis, interpretado pelo Ewan McGregor. Sinceramente, já vi piores, mas aqui, o que é ruim, não é exclusividade apenas do Sionis, mas da maioria dos outros homens da trama. Todos fracos e sem propósito para serem como são. E isso, independe do filme ter o foco na mulherada.

Por fim, “Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa” é legal, divertido, tem muita cena boa de ação (e pessoas voando em slow motion), mas não é maravilhoso como poderia ser. Ainda assim, vale ir ao cinema para conferir.

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